Todos nascemos apetrechados de uma incógnita - a dose de tempo que estará à nossa disposição, dito por outras palavras, a duração da nossa existência.
Durante a infância e adolescência essa noção passa-nos praticamente ao lado.
Há tanto a descobrir, tanto a aprender, que todos os minutos são avidamente vividos, não nos dando conta que o relógio começou a contar no dia em que fomos postos no mundo. Queremos aproveitar todos os momentos e poucos dirão que não lhes deram bom uso. Bom uso no sentido literal do termo, não no sentido de termos feito as melhores escolhas, de o termos usado bem, passe a subjectividade do termo.
É quando nos tornamos jovens adultos que começamos a ter real noção do tempo. Especialmente quando começamos a trabalhar, altura em que tomamos consciência que passamos a trocar o nosso tempo por dinheiro. Sim, o nosso tempo vale dinheiro.
Entramos, então, numa engrenagem da qual será difícil senão quase impossível sair. Vendemos o nosso tempo e com o resultado dessa venda compramos os bens e serviços indispensáveis ao nosso estilo de vida. As solicitações começam a ser cada vez mais. Ao trabalho junta-se a vida familiar e social: marido, mulher, filhos, amigos e todo o circulo relacional em que estamos inseridos. Rapidamente percebemos a importância da definição de prioridades. Rapidamente percebemos que melhor mesmo é começar a gerir bem uma das únicas coisas que podemos vender, mas que não podemos comprar: o tempo.
Mas será que conseguimos mesmo fazer essa gestão da melhor forma ? Quando entramos na tal engrenagem por vezes começamos a ter dificuldade em qualificar e priorizar as tarefas.
Por vezes nem realizamos que é imperioso fazê-lo.
- São importantes ?
- Sao urgentes ?
- São importantes mas não urgentes ?
- São urgentes mas não importantes ?
- Não são importantes. nem urgentes ?
A que estamos realmente a dar a nossa atenção ?
A que estamos realmente a alocar o nosso tempo ?
Quando pensamos neste assunto, por vezes damos conta que despendemos muito do nosso tempo com coisas que não são importantes nem são urgentes, desperdiçando ou mesmo esbanjando o nosso ativo mais precioso.
A propósito desta temática, li recentemente uma história muito interessante e que a retrata na perfeição:
" Um dia, a um sábio professor de uma Universidade foi solicitado que desse, a um grupo de executivos de grandes multinacionais, uma formação de 60 minutos sobre gestão do tempo.
Tendo em conta o limitado período que lhe era atribuído, o velho professor pensou que o melhor seria trabalhar com uma questão prática que todos entendessem e dificilmente esquecessem.
Propôs então ao auditório uma experiência.
Pegou num recipiente redondo de vidro, semelhante a um pequeno aquário, e encheu-o completamente de grandes pedras redondas. Quando já não cabia mais nenhuma, perguntou aos alunos:
- Este vaso está cheio ?
Responderam, unanimemente:
- Sim, está cheio.
Então, o velho senhor, retirou da gaveta da secretária, uma caixa cheio de areia muito grossa, mais semelhante a cascalho. Delicadamente, despejou o seu conteúdo para dentro do vaso. O cascalho foi deslizando por entre as pedras e foi-se infiltrando até parecer não poder entrar mais.
Voltou a perguntar aos alunos:
- E agora, este vaso está cheio ?
Os executivos, sentindo-se apanhados desprevenidos com a primeira pergunta, balbuciaram:
- Bom, talvez não.
Divertido, o professor, baixou-se e apanhou um saco de fina areia. Mais uma vez, dirigiu-se ao vaso e deixou a areia cair suavemente, Utilizando os espaços entre as grandes pedras e o cascalho, a areia foi-se infiltrando até o vaso estar cheio.
- Agora o vaso está cheio, não acham ?
Cientes de que nada mais poderia entrar no vaso, os alunos responderam em uníssono:
- Sim, agora esté completamente cheio.
O professor olhou-os com ar maroto.
Pegou, então, num copo de água. Lentamente, e para espanto da plateia, deixou que a água escorresse para dentro do vaso. A água encontrou o seu espaço por entre os elementos sólidos até transbordar no vaso.
- Agora, parece que podemos dizer que o vaso está finalmente cheio, concordam ?
Os alunos concordaram, e um deles disse:
- Penso que percebo o que pretende transmitir. É sempre possível encaixar nas nossas agendas mais algumas tarefas que aquelas que a preenchem, certo ?
- Na verdade não é isso o que pretendo demonstrar. O que pretendo demonstrar é que se não colocarmos no vaso as grandes pedras em primeiro lugar, nunca mais conseguiremos fazê-lo.
Os alunos ficaram em silêncio a pensar na evidência da experiência.
- Quais são realmente as "pedras" da vossa vida (leia-se coisas importantes) ? Quais são os vossos valores mais importantes, aqueles aos quais não devem deixar de dedicar o vosso tempo ? A vossa saúde, a vossa família, o vosso emprego, os vossos sonhos ? Quais são as pedras angulares da vossa vida ?
- E quais são as coisas que vos tomam demasiado tempo e das quais podem realmente prescindir pois não trazem nada de construtivo às vossas vidas (leia-se coisas não importantes e não urgentes) ?
Os alunos ficaram a refletir nas palavras do professor entendendo a importância da mensagem."
Podemos sempre vender o nosso tempo, mas se não o podemos comprar e atendendo a que ele é finito, o melhor mesmo é olhar para as nossas vidas e perceber o que é realmente importante e qual a ordem, a prioridade que devemos atribuir a cada situação, pois que uma vez o vaso cheio de areia e água, não sobrará espaço para ali colocar as grandes pedras, ie as coisas verdadeiramente importantes.
Nem espaço nem tempo.